Na mulher+40 as principais manifestações da perimenopausa ocorreriam a nível cerebral, apontaram as mais recentes pesquisas. Entretanto, ainda em nossos dias, as ações decorrentes do processo de menopausa relacionados ao desmantelamento do sistema de energia cerebral continuam a ser ignoradas. Classicamente, a fase de Perimenopausa {PM] inicia com as irregularidades menstruais e terminaria um ano após a última menstruação da mulher.
Na média das mulheres, a Perimenopausa teria suas primeiras manifestações a partir dos 45 anos de idade, considerando-se que a Menopausa (última menstruação) ocorra ao redor dos 51 anos.
Entretanto, caso a mulher tenha uma história familiar de Menopausa cedo, por exemplo, em torno dos 45-46 anos, ela poderia começar a ter alguns sintomas a partir dos 38-40 anos.
Apesar de sua importância em função de atingir a mulher+40, a perimenopausa tem passado despercebida.
A começar pelo nome, perimenopausa [ PERI ] parece sugerir algo periférico, secundário e de menor importância em relação à Menopausa. Em função disso, talvez, nunca tenha recebido a atenção merecida.
Apenas em 2001, a Perimenopausa foi reconhecida
Para se ter uma ideia, apenas em 2001, a Perimenopausa foi oficialmente reconhecida. Ou seja, foi definida como um fenômeno único, diferente da Menopausa.
É inacreditável que faça tão pouco tempo! A título de comparação, lembrem que os anticoncepcionais orais chegaram ao Brasil em 1962.
Sintomas da perimenopausa
Até então, as flutuações hormonais, causadas pelo envelhecimento progressivo dos ovários, estariam associadas a alterações do fluxo menstrual e aos sintomas vasomotores.
Assim sendo, as menstruações se apresentariam com fluxos cujo volume poderia variar de hemorrágico a, apenas, uma borra. Do mesmo modo, os ciclos poderiam se apresentar com intervalos de 15 a 90 ou 120 dias.
Por outro lado, algumas mulheres poderiam apresentar suores noturnos tão intensos que “ensopariam” pijama, enquanto outras nunca suariam. Além disso, um número significativo de mulheres teria ondas de calor, os chamados fogachos ou calores da menopausa, que poderiam vir acompanhados de rubor ou vermelhidão facial.
Mania de se queixar ou sintomas de perimenopausa?
Estas seriam as manifestações características da Menopausa. Assim, se as queixas fossem além disso, alguma coisa estava errada…Muito provavelmente esta mulher estivesse somatizando.
Ou, talvez, estivesse exagerando no que sentia ou, até, ‘inventando’ para chamar a atenção. Ou, quem sabe, por não ter o que fazer ou “não trabalhar fora” tivesse tempo para imaginar coisas.
Humor na menopausa
Os anos que antecediam a última menstruação acabavam sendo muito mais lembrados pelas situações hilariantes que criavam do que pela área médica.
Você já deve ter visto charges e tirinhas de humor a respeito dos calores da menopausa. Ou, aqueles desenhos com uma mulher se transformando em uma fera, lembrando as oscilações de humor. Tenho certeza que já viu e, até, achou engraçado. Eu, também!
E, ao longo dos anos, tenho colecionado o que encontro a respeito deste tema. Por que faço isso?
Porque, apesar das charges brincarem com um assunto sério, elas ilustram a realidade. Ou seja, descrevem as alterações que estão acontecendo no organismo feminino. Sejam alterações no termostato cerebral, que analisa e reage às mudanças da temperatura ambiente (ondas de calor) ou na a produção do neurotransmissor serotonina (mudanças bruscas do humor).
Atenção! As principais manifestações da Perimenopausa na mulher +40 são neurológicas.
A maior parte dos sintomas que ocorre na perimenopausa é de natureza neurológica, ou seja, vai acontecer no cérebro.
Como assim?
Não era, apenas, uma questão de não poder mais engravidar? De ter problemas de menstruação?
Não. A Perimenopausa é muito mais importante do que se poderia imaginar. Nesta fase da vida, os ovários vão regredindo, lenta e progressivamente, provocando níveis inadequados dos hormônios Estradiol e Progesterona.
Acreditava-se que estes hormônios femininos agiriam, apenas, na reprodução humana e no aparelho genital feminino. Não se tinha ideia da dimensão das ações que estes hormônios exerciam em todo o organismo e, em especial, no sistema nervoso.
Sintomas da perimenopausa são perceptíveis nas situações do dia a dia
Abaixo, estão alguns exemplos destas ações. Veja se você se reconhece em alguma situação:
“Tenho sentido uma ansiedade tão grande que não consigo “controlar minha boca”. Cheguei a morder minha bochechas por dentro.”
“Após o almoço, preciso comer um chocolate, nem que seja um quadradinho. Confesso que, certos dias, aqueles em que estou ‘atacada’, vai a barra toda. Acho até que já engordei. Não vou me pesar para não me deprimir”.
“Sempre dormi bem, mas, ultimamente, tenho acordado de madrugada e custado a adormecer…”
“Andei lendo sobre Alzheimer. Estou preocupada com minha memória. Tenho tido uns brancos [Não, não aqueles fios grisalhos!], branco de apagão, de falha de memória, de não conseguir lembrar do nome de pessoas que encontro todo dia.”
“Acho que estou com depressão, sinto uma coisa tão ruim no peito… Parece um aperto, uma angústia que não tem fim. Não tenho nenhum motivo para estar me sentindo assim”.
“Ando me sentindo cansada… Não sei como, tempos atrás, eu fazia tantas coisas. Eu não tinha preguiça para nada…
O emocional da mulher +40 é muito abalado na perimenopausa
Quem já sentiu algo parecido? Se você tiver mais de 40, a chance de que tenha experimentado algo assim chega a 90%. E, caso tenha sentido, creio que nem chegou a lembrar da Perimenopausa, não é verdade?
Provavelmente, pensou que estivesse passando por um processo de envelhecimento galopante…
A mulher+40 é aquela que tem mais chances de estar vivendo a Síndrome do Ninho Vazio
Por outro lado, até bem pouco tempo atrás, na mulher+40, muitas das manifestações da perimenopausa, eram associadas à “Síndrome do Ninho Vazio”. Sim.
A famosa “Síndrome do Ninho Vazio”, que justificaria tudo o que a mulher+40 sentia.
Assim, tudo estaria resolvido. Era emocional e pronto!
Quantas e quantas mulheres já devem ter sofrido caladas, resignadas, mas sem compreender bem como podiam se sentir tão estranhas e indispostas e ansiosas etc…etc… Entretanto, tinham o diagnóstico: Síndrome do Ninho Vazio.
Claro que, coincide com esta fase, a saída dos filhos, em função dos estudos ou, até de casamento, o que poderia justificar alguns traços da síndrome mas, num número bem maior de mulheres, isso não ocorre.
Em nossos dias, os filhos têm permanecido na casa dos pais até perto dos 30 anos de idade, já que podem estudar na cidade onde moram ou fazer um curso à distância. Por outro lado, casar cedo, também, é raro.
Até a duração da adolescência está sendo revista. Talvez a adolescência possa se estender até os 30 anos.
E, talvez, o mais importante, é que a saída dos filhos faz parte da vida. Assim sendo, só fica, sempre, ao lado da mãe, o filho que tem algum problema e, por isso, não consegue ser independente.
Nós, mães, temos plena consciência de que criamos nossos filhos para o mundo e fazemos de tudo para que tenham condições para enfrentar as dificuldades e desafios do que a vida e o mundo lhe impuserem.
Assim, sentir um vazio, durante algum tempo, porque o filho está estudando fora ou casou, é absolutamente normal.
Sintomas da Perimenopausa X Síndrome do Ninho Vazio
Depois, aos pouquinhos, vai passando, amenizando, ficando mais leve, porque sabemos que é para o bem dele. Assim, aos poucos, vem, então, uma sensação de paz e tranquilidade. Afinal, nossa missão de mãe está sendo cumprida com sucesso. Nosso filhote está conseguindo sobreviver sozinho.
Sozinho, em termos, já que a maioria dos filhos, quando volta pra casa nos finais de semana, traz junto uma sacola enorme com roupas para a gente lavar e passar. E, sabe, isso não nos aborrece ou cansa. Pelo contrário, nos deixa feliz!
Fadiga, baixo-astral, dores e insônia: sintomas da perimenopausa
Mas, se este mal estar associado a uma fadiga constante, baixo-astral, dores no corpo e diminuição da autoestima, alguma coisa não está bem. Desse modo, provavelmente, não seja emocional e sim, orgânico. Portanto, a primeira hipótese seria a de Perimenopausa.
Assim sendo, a Perimenopausa precisa ser acompanhada de perto, não, apenas, pelos sintomas desagradáveis que ocasiona, mas, principalmente por ser um período de grande vulnerabilidade.
A mulher +40 está mais vulnerável a doenças graves e morte súbita a partir do início da Perimenopausa.
Consequentemente, em função do organismo estar passando por um processo de desmantelamento do sistema de procriação, existe um risco aumentado de “defeitos de funcionamento”.
Ou seja, que as mulheres estariam muito mais propensas a desenvolver várias DOENÇAS.
Não estou falando, apenas, das patologias tradicionalmente associadas à Menopausa como osteoporose, diabete, pressão alta, colesterol elevado. Entretanto, estou chamando a atenção para doenças graves como morte súbita por infarto do miocárdio ou AVC [derrame], doenças reumatológicas e neurológicas.
A Perimenopausa é o início de uma nova etapa da vida, com alguns percalços e várias adaptações, mas que pode, e vai, ser muito feliz!