Será que para a mulher+50 fumar emagrece acabou sendo objeto de pesquisas que investigaram a existência de uma possível influência da indústria do cigarro no século passado. Desse modo, avaliaram as mensagens transmitidas através dos meios de comunicação daquela décadas, tentando encontrar menção a esta associação [cigarro=perda de peso]. Paralelamente, também, poderiam explicar a razão pela qual a mulher+50, que viveu sua juventude nos anos 50 e 60, ainda tenha a ideia de que fumar emagrece.
Tabagismo feminino está aumentando
O tabagismo continua a ser um grande problema de saúde pública. Portanto, muito tem sido investido na divulgação dos problemas causados pelo cigarro. Entretanto, embora as taxas de tabagismo estejam diminuindo progressivamente entre os homens, nas últimos anos, as taxas de tabagismo entre as adolescentes e as mulheres jovens estão aumentando.
Este aumento progressivo do tabagismo feminino, em relação ao tabagismo masculino, parece estar fora do contexto. Ou seja, viria no sentido contrário, apesar das campanhas públicas sobre os malefícios do cigarro.
A questão é muito mais ampla do que se poderia imaginar quando se fala nas ações do cigarro em relação à mulher. Nesse sentido, os riscos não se restringiriam, apenas, à saúde da mulher, mas, também, aos filhos que a cercam [fumantes passivos]. Por outro lado, não podemos esquecer das possíveis complicações de saúde nas gestantes tabagistas e seus fetos.
Por que para a mulher+50 fumar emagrece?
O que levaria as mulheres a fumar? Necessidade de se autoafirmar? Querer “se equiparar” aos homens? Pensar que fumar ajudaria a emagrecer? Acreditar que, se fumasse, não sentiria fome? Ou haveria uma maior sensibilidade do organismo feminino ao vício do cigarro?
Questões históricas poderiam justificar por que para a mulher+50 fumar emagrece
Foi, em 1875, que a primeira máquina de enrolar cigarros foi criada. Entretanto, sua comercialização, em massa, levaria décadas para acontecer. Isto se deu porque os cigarros não foram bem aceitos pela população naqueles tempos. Na verdade, o consumo de cigarros começou a aumentar e, muito lentamente, no final daquele século.
Até, então, os homens haviam preferido fumar cachimbo. Além disso, consideravam o cigarro menos imponente, fraco e muito feminino.
As mulheres, por seu lado, não se atreviam a fumar em função do preconceito, já que o tabagismo feminino era associado à rebeldia de atrizes e prostitutas.
Primeira Guerra Mundial viria a colaborar com o aumento do tabagismo feminino
Foi durante a Primeira Guerra Mundial que, devido à falta do tabaco turco, um tabaco com característica de intenso amargor, que as indústrias americanas tiveram que mudar o blend de seus cigarros. Em função disso, tiveram que usar o tabaco local, muito mais fraco e, até, com traços adocicados. Desse modo, acabaram produzindo um cigarro bem mais suave e, portanto, mais voltado ao paladar feminino.
A partir da década de 20, as indústrias do tabaco começaram mirar as mulheres.
Somente a partir dos anos 20, com o aumento progressivo, ainda que discreto, das mulheres fumantes, que a indústria se deu conta do tamanho do mercado feminino. A partir de então, passaram a mirar esta potencial consumidora.
Uma das primeiras grandes campanhas da época focou o que existe de mais sensível na menopausa: seu peso. Assim, o slogan lançado pelos cigarros Lucky Strike foi:
“Para se manter magra, pegue um Lucky ao invés de um doce.”
“Esta será você daqui a 5 anos? Quando se sentir tentada tentada a comer [cometer excessos], ao invés disso, pegue um cigarro Lucky.”
“Seja moderada em todas as coisas, inclusive em fumar. Evite aquela sombra futura…se você quiser “manter uma silhueta moderna e jovem”.
Fumar emagrece as mulheres+50?
As mulheres sempre se preocuparam muito com o peso. Desse modo, questões associadas a isso, certamente, podem ter representado uma barreira importante aos esforços de saúde pública voltados à redução do tabagismo. Por outro lado, estudos epidemiológicos descobriram que fumantes pesariam menos que as não fumantes. Além disso, outros estudos teriam apontado que a manutenção do peso corporal seria a principal razão para fumar entre os adolescentes.
De fato, os efeitos do tabagismo no peso corporal seriam uma constante preocupação feminina, pois muito mais mulheres do que homens relatariam fumar para evitar engordar.
Propagandas eram dramáticas e apelativas: “Frustrada pela moderação! A sombra sem coração que ameaça a figura moderna. Evite aquela sombra futura contendo-se dos excessos, se você quiser manter a atual figura da moda. Quando tentada, pegue um cigarro Lucky ao invés. “
“Não estamos querendo dizer que fumar Lucky Strike vai trazer figuras modernas ou causar a redução da carne. Nós estamos dizendo que, quando se sentir tentada a se fazer muito bem, você, ao invés, “alcançar um Lucky“, evitará excessos que provocam ganho de peso e, ao não cometer abusos, manterá sua forma atual graciosa.
A nicotina é considerada um poderoso inibidor de apetite
Embora o tabagismo seja amplamente desencorajado pelos profissionais de saúde pelos enormes problemas de saúde que ele pode provocar, entre os quais, o câncer de pulmão e outros tipos de malignidades, a nicotina poderia, sim, auxiliar na manutenção do peso corporal.
Há muitas décadas, é sabido que a nicotina teria ação sobre a fome e seria um inibidor do apetite. Foi a essa ação que a indústria de cigarros se apegou para lançar a campanha estimulando o tabagismo como uma maneira de controlar a fome e a gula.
Os neurônios autonômicos, sensoriais e entéricos constituem cada um dos locais potencialmente importantes para as mudanças mediadas pela nicotina no comportamento alimentar, resultando, ao final, na redução alimentar.
“Para manter uma figura delgada, ninguém pode negar… Alcance um Lucky ao invés de um doce!”
Nicotina teria ação diferente em homens e mulheres
De modo geral, as ações do cigarro seriam diferentes em mulheres e homens. Para começar, os estudos mostraram que as mulheres adquiririam o vício do cigarro mais facilmente do que os homens e teriam mais dificuldade em parar.
Parar de fumar faria as mulheres engordarem de 6 a 11 kg em média
Além disso, após a parada do cigarro, os ex-fumantes tenderiam a ganhar peso, engordando entre 6 e 11 kg em média. Assim, o medo de poder vir a engordar, após parar de fumar, já seria motivo para continuar fumando.
Também, o uso de adesivos de nicotina, como tratamento de suporte para parar de fumar, seria pouco eficaz nas mulheres. Tal fato poderia estar relacionado à sensibilidade aumentada das mulheres às ações e aos componentes não nicotínicos dos cigarros.
Entretanto, recentemente, os estudos têm mostrado ações da nicotina especificamente relacionadas aos hormônios femininos e ações diferenciadas em ambos os sexos.
Diminuição do Estradiol na Menopausa agiria também no vício de fumar
Evidências sugeririam que muitas destas diferenças, em relação ao cigarro, poderiam resultar dos efeitos inibitórios da nicotina e de outros alcaloides do tabaco na síntese de estrogênio via enzima aromatase.
Encerrando o ciclo de biossíntese do estrogênio, a enzima aromatase catalisaria a transformação de androgênios em estrogênios.
É sabido que o estrogênio suprime a alimentação e o ganho de peso em fêmeas de mamíferos, incluindo mulheres. Nesse sentido, o efeito ocorreria por ação direta nos centros cerebrais envolvidos no controle do apetite.
Os estudos mais recentes têm apontado na direção de que a enzima aromatase atuaria como um modulador das ações da nicotina no cérebro, contribuindo, dessa forma, para as diferenças sexuais no comportamento de fumar e para a diminuição da fome nas mulheres.
Na sua opinião, por que as mulheres fumariam?