Será que fumar pode interferir na Menopausa?

Fumar faz mal?

Que fumar faz mal à saúde, não é nenhuma novidade. Entretanto, que o tabagismo poderia interferir na idade da Menopausa e na intensidade dos sintomas é algo novo. Saiba o que o cigarro pode provocar no equilíbrio hormonal nas mulheres de mais de 40 anos.

Nos últimos anos, apesar da crescente conscientização da população sobre os problemas de saúde originados pelo cigarro, tem se observado um aumento significativo do número de mortes por câncer de pulmão entre as mulheres.

Parar de fumar engorda! Um medo constante de quem quer parar

Mais recentemente, também, tem se verificado um discreto aumento do tabagismo entre as mulheres, enquanto, nos homens, o número de fumantes está estável e tendendo a diminuir.

Nas mulheres tabagistas, a Menopausa poderia ocorrer de outra maneira?

Mulher fuma, estando  pensativa.

As mulheres que fumam ou que fumaram, em algum momento de sua vida, podem ser afetadas pela Transição da Menopausa de maneira um pouco diferente, em função de diversas e, ainda, não totalmente esclarecidas, alterações orgânicas provocadas pela nicotina, alcatrão e outros componentes do cigarro.

A fumaça do cigarro contém mais de 4.000 substâncias tóxicas. Entretanto, a nicotina é o composto mais nocivo. Ela atuaria no sistema nervoso simpático que causaria a vasoconstrição, gerando hipóxia tissular significativa. Ou seja, um único cigarro gera uma vasoconstrição cutânea por cerca de 30 a 50 minutos.

Um único cigarro fumado faria com que os vasos sanguíneos da pele fiquem contraídos por 30 a 50 minutos, diminuindo a chegada do oxigênio à pele e, consequentemente, acelerando a formação de rugas.

O que poderia ter aproximado as mulheres do cigarro?

A máquina de enrolar cigarros foi inventada em 1875 mas os cigarros só foram melhor aceitos no final daquele século. Isso se deu porque os homens gostavam de fumar cachimbo, além de terem achado os cigarros muito femininos.

Naquela época era praticamente inconcebível que uma mulher fumasse. As mulheres que se atreviam a fumar, mesmo escondidas, eram raras.

Mulher está fumando um charuto.

Fumar era um ato de rebeldia feminino

Entretanto, a partir do início de 1900, o cigarro saiu da clandestinidade e começou, muito lentamente, a frequentar as rodas das mulheres mais ousadas da época.

Fumar em público era desafiar os costumes da época. 
E, portanto, as mulheres que o faziam estavam atraindo as atenções da sociedade.
Era excêntrico, artístico, ousado, de vanguarda....
Um ato de rebeldia!
"Quem ousaria enfrentar a sociedade?"

Mas, foi durante a Primeira Guerra Mundial que a situação começou a mudar, favorecendo as indústrias do cigarro.

Em função da guerra, o tabaco importado da Turquia não estava mais conseguindo chegar aos Estado Unidos. Desse modo, as indústrias americanas tiveram que se adaptar e usar o tabaco local, muito mais fraco que o o de origem turca.

Como consequência, surgiu um cigarro bem mais suave e, portanto, mais voltado ao paladar feminino.

Fumar, a partir dos anos 1920, se tornaria um símbolo da liberação das mulheres e, mais adiante, ainda, representaria a equiparação entre os sexos.

Duas mulheres estão fumando na cozinha.
A partir dos anos 40, fumar estava associado a emagrecimento após intensa campanha de marketing que visava atingir e conquistar as mulheres. Fumar emagrece! Parar de fumar engorda!

Fumar faz mal: ações do cigarro na função ovariana

Embora exceções à regra possam existir, de modo geral, as mulheres têm sua última menstruação [a Menopausa] entre 48 e 54 anos. Nas brasileiras, a Menopausa [última menstruação] ocorre em torno dos 51 anos. O processo de Menopausa, muito provavelmente, seja acionado a partir do momento em que os ovários deixam de suprir, integralmente, a produção de Estradiol produzido pelos ovários. 

Transição da Menopausa

As ondas de calor são a queixa mais comum das mulheres durante a transição da menopausa. E, apesar desta importância e das várias décadas de pesquisa já realizadas, poucos fatores de risco para ondas de calor foram identificados. Provavelmente, o tabagismo tenha sido um dos fatores mais estudados, até os nossos dias, e oficialmente associado aos fogachos.

Um dos estudos mais recentes mostrou que as mulheres tabagistas apresentavam quase o dobro do risco de ter ondas de calor se comparadas a mulheres que nunca haviam fumado. Do mesmo modo, outro verificou as ‘fumantes pesadas’ teriam um risco 4 vezes maior de ter fogachos se comparadas às mulheres que nunca haviam fumado.

Jovem está fumando em um bar.
Fumar faz mal, mas parar de fumar engorda!

Estudos têm mostrado que as mulheres que fumam estariam mais propensas a alterações hormonais ovarianas e, consequentemente, a irregularidades menstruais mais constantes.

Acredita-se que o cigarro estaria associado a ondas de calor em função de ações da nicotina. Desse modo, ele potencializaria a diminuição dos níveis de estrogênio encontrados na Menopausa. Há muitas décadas, já é de conhecimento médico, que baixos níveis de estrogênio estariam associados às ondas de calor.

O mecanismo exato da relação nicotina X estradiol diminuído ainda não está 100% elucidado. Acredita-se que a enzima Aromatase, responsável pela fase final da biossíntese do Estradiol, esteja envolvida nesse processo.

Mulher está fumando na cozinha enquanto abre o pacote de alimento. Certamente não sabia que fumar faz mal.

Outra grande revisão da literatura médica, mostrou que as mulheres que fumaram mais de 10 anos tenderiam a apresentar sintomas mais intensos na transição da Menopausa.

Entre as manifestações mais frequentes estariam problemas digestivos e dores musculares do tipo fibromialgia, se comparadas às mulheres que não eram, nem nunca haviam sido, tabagistas.

Ações do cigarro em outras fases da vida da mulher

Um estudo publicado pela revista Menopause, em 2015, analisou a associação ao cigarro em vários estágios da vida da mulher com a idade da menopausa natural. Participaram 1.001 mulheres com idades entre 39 e 49 anos de idade. As fases de exposição pesquisadas foram intrauterina, infância com pais tabagistas e na vida adulta.

Mães que fumam na gestação aumentam o risco da filha entrar em menopausa precocemente

Os resultados da pesquisa sugeriram que a exposição pré-natal à fumaça e o consumo atual de cigarros pelas mulheres quando adultas estariam associados a um risco 2 vezes maior da mulher entrar em menopausa precoce.

No entanto, as mulheres que foram expostas, na vida intrauterina, ao tabagismo materno, e que eram fumantes adultas ativas tiveram uma chance três vezes maior de apresentar uma menopausa natural mais cedo.

Fumar +10 anos aumenta muito os riscos de antecipar a Menopausa

ESTRADIOL é vital para o perfeito funcionamento do organismo feminino.

No geral, as mulheres que fumam ou que, no passado, fumaram por mais de 10 anos, no total ou somando várias fases, estariam mais propensas a entrar em menopausa 2 a 3 anos antes do que as que nunca fumaram.

O número de cigarros consumido diariamente, bem como algumas características individuais, influenciariam no tempo em que a Menopausa poderia ser antecipada.

Por que isso aconteceria?

A exposição pré-natal à fumaça poderia influenciar o desenvolvimento de folículos ovarianos, que originariam os óvulos, que iriam formar os ovários da menina e nasceriam com ela. Além disso, se, ao longo da vida, esta mulher ainda fumar e seus ovários forem novamente submetidos às toxinas do cigarro, poderia ocorrer a morte dos folículos.

Fumar faz mal pois vários produtos químicos na fumaça do cigarro podem danificar os folículos ovarianos, causando danos, inclusive, genéticos.

Complicações do cigarro

Estudo recente mostrou que mulheres fumantes de longa data poderiam ter sua vida encurtada em 2 anos, se comparadas às não fumantes.

Mulher jovem caminha pela rua enquanto fuma.

Fumar já foi um gesto de rebeldia feminina, mas, hoje, sabemos que fumar faz mal!

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