Adoro sapatos de saltos altos!
Amo, também, botas de cano longo e saltos altíssimos!
Sapatos e botas, confesso, são um pequeno vício!
Afinal, sou humana e seres humanos não são perfeitos.
Seres humanos têm fraquezas.
Também gosto muito de doces… Nada, porém, que possa ser encarado como uma fraqueza… Ao menos, eu acho!
E, assim, aconteceu até eu me aproximar dos 50… Sim, dos 50 anos.
Sandra e os Sapatos
Sapatos de salto sempre fizeram parte do meu jeito de vestir e, certamente, ajudaram a criar meu estilo.
Mesmo criança, não gostava de usar tênis e sapatilhas. Naquela época, tinham outros nomes, menos pomposos.
[Alguém, aí, lembra como eram chamados? Quem recordar, por favor, me diga. Para facilitar a localização na linha de tempo, eu nasci em 1961.]
Queria, sempre, um saltinho, por menor que fosse !
Só tirava os saltos para dormir…
O dia que mudou minha vida aconteceu aos 14 anos, um pouco antes do Baile de Debutantes da minha cidade. Finalmente, minha mãe havia concordado com a compra do meu primeiro sapato de salto alto de verdade.
A partir daquele momento, só tiraria os saltos para dormir!
Tudo ia bem até chegar aos 50…
Para falar a verdade, os 50 não tinham me assustado, ainda…
Mas, já fazia um bom tempo que eu vinha notando algumas coisinhas… Dificuldade para manter o peso, mais retenção de líquido, mais calor…muito mais calor que os outros…
Sabia que estava na perimenopausa!
Achava, inclusive, que vinha administrando essas mudanças relativamente bem. Me orgulhava disso!
Num inverno muito frio…
Era inverno e eu tinha acabado de completar 50 anos. Tive uma festa surpresa elaborada pela minha irmã Sabine, meu marido Ney e meu filho Rômulo. Muito emocionante! Outro dia, conto os detalhes.
Não quero perder o foco.
Voltando… Há algum tempo, já vinha sentindo uma coisa estranha nos pés. Não via nada estranho, nem uma bolha… Mas, a cada dia, aquele desconforto aumentava. Era tão intenso que eu não via a hora de chegar em casa para tirar as os sapatos. Olhava, de novo, e nada…
Até que a situação chegou a seu ápice. Eu não aguentava mais…
Nem sei como descrever…
Meus pés doíam, queimavam, ardiam…
Insuportável!
Então, numa tarde fria e cinzenta de inverno, num intervalo entre duas consultas, eu cedi. Capitulei! Me rendi à dor.
Acabei me rendendo e tirei as botas de salto!
Tirei as minhas botas! Aquelas botas maravilhosas, em verniz preto, bico fino, salto altíssimo … Lindas! Lindas!
E, então, abri a última gaveta da minha escrivaninha e, bem ao fundo, escondido, estava o que eu procurava: um par de pantufas!
Que alívio senti ao calçar aquelas pantufas! Que sensação boa!
Um bem estar que acabou sendo substituído por uma intensa tristeza…Uma vontade enorme de chorar!
O fundo do poço
Para mim, Sandra, este era o último degrau. O último degrau! O fundo do poço! O que estava acontecendo comigo?
Precisar intercalar o uso de sapatos de salto com pantufas havia atingido minha autoestima profundamente.
Jamais, conscientemente, pensei em usar aquelas pantufas…
Talvez, num primeiro instante, possa parecer até ridículo…
Uma mulher de 50 anos, médica, esposa e mãe, deixar se abalar, assim, por causa dos sapatos? Chegar às lágrimas por não estar conseguindo usar salto alto? Eram, somente, adereços de moda… Supérfluos!
Mas, como fui aprendendo ao longo da vida:
E a minha mania era e, ainda, é gostar de sapatos!
Depois daquele dia, minha vida, novamente, mudaria em função dos sapatos.
Se, na adolescência, eles tinham elevado minha autoestima, no outro extremo da vida reprodutiva, a menopausa, os sapatos estavam fazendo o contrário.
Passado o primeiro impacto, minha faceta “guerreira” resolveu sair do fundo do poço e, na subida, trouxe junto outras facetas: a mulher, a médica, a “perua” e algumas que nem eu conhecia!
Isso eu já tinha aprendido no início da perimenopausa.
Eu já tinha compreendido que, se antes da menopausa, eu era uma mulher multitarefa (fazia várias coisas ao mesmo tempo), agora, eu era uma mulher multifacetada (cada coisa a seu tempo).
Eu estava determinada a encontrar respostas e soluções para esta nova fase da vida.
Então…
Por que as mulheres deixam de usar sapatos de salto na menopausa?
Descobri, depois de muita pesquisa, que falhas no ritmo de produção do hormônio Estradiol provocariam alterações circulatória nos dedos dos pés e, também, afetariam os ligamentos que mantém os ossos do pé unidos e estáveis. Daí, viriam o desconforto, a queimação invisível e a sensação de insegurança ao caminhar.
Fiquem tranquilas! É possível resolver.
Venham comigo nesta jornada de descobertas!!!